terça-feira, setembro 14, 2004

Já estávamos com saudades

Voltaram as "conversas em família". Vejam a descrição feita hoje no DN: Estado tem trabalhadores a mais e deve ser reduzido CARLA AGUIAR Vestido em suaves tons rosa e azul-bebé e numa linguagem de pai de família, o ministro das Finanças fez ontem uma comunicação grave ao País, exortando os portugueses a assumir as responsabilidades sobre o Estado que querem, para logo anunciar que o Governo já decidiu: o Estado será mais magro.«Com imaginação e concertação, temos de diminuir a Administração, afirmou Bagão Félix, acrescentando que «há departamentos a mais, há postos de trabalho excedentários, ao mesmo tempo que há necessidade de requalificar e rejuvenescer o quadro de pessoal.» Considerando que «o Estado vive, há muito tempo, acima das suas possibilidades», Bagão Félix disse que o futuro Estado deve centrar-se apenas «naquilo que aumenta valor à sociedade e ao País», sob pena de se acumular uma dívida «que pode significar transmitir aos filhos as responsabilidades antes criadas». Uma referência que remete directamente para a intenção de o Governo vir a extinguir alguns institutos e privatizar serviços, de acordo com uma redefinição do papel do Estado que, quase dois anos depois de ter sido equacionada, continua por divulgar. Para justificar que «as finanças só podem melhorar com uma mudança da administração pública», o ministro deu dois exemplos. «Cerca de 60% de todos os impostos são consumidos nas despesas com os funcionários e aposentados do Estado.» Por outro lado, revelou, «o IRS e o IRC juntos não chegam para pagar todos os gastos com a saúde e educação». (...) Embora o ministro se tenha manifestado empenhado em «honrar o compromisso de aumentar os salários e pensões» dos funcionários públicos, foi com um sinal à navegação : «Basta referir que cada 1% de aumento das despesas com pessoal custa 250 milhões de euros». Centrando-se na lógica que perpassa por todo o seu discurso - a de que «não há direitos adquiridos sem deveres assumidos» - o ministro afirmou a intenção de estender o princípio do utilizador-pagador a várias áreas. (...) Num «discurso em família», Bagão alertou não ter poderes mágicos e ter o dever de falar a verdade e de não criar ilusões.

Muito bem (escrito pela Carla Aguiar)!