segunda-feira, junho 30, 2003

Já aí vem o ratinho

A SE da AP, aproveitando os seus "15 minutos", dá hoje mais uma entrevista, agora ao DE, onde já se vê com clareza o que a montanha está a dar: - Contrato individual: na saúde (já existe) e, possivelmente, na educação; - "A avaliação de desempenho é a questão central da R da AP" - Sectores onde avançam parcerias com privados: "Não lhe vou avançar um sector concreto" - Primeiro ponto a avançar nas negociações: "organização e estatuto dos dirigentes". Se a avaliação é a questão central, está tudo dito!

domingo, junho 29, 2003

Um pouco de bom senso

A poeira começa a assentar e os aplausos à R da AP anunciada pelo PM são cada vez mais moderados. Veja-se a boa entrevista de Correia de Campos à Pública (amanhã na net): "Há falta de conteúdo, ambição e estratégia no anúncio de R da AP". Eu não diria melhor! Há pouco na RTP, José Sócrates, concordando com as generalidades, alertou para o retrocesso que será o fim dos concursos para os dirigentes. Nisto acabou até por ser acompanhado por Santana Lopes. Na TVI, o professor Marcelo, ao seu estilo, depois de um grande elogio inicial, deixou interrogações que bastam (ver na terça-feira a transcrição no Diário Económico). Entretanto, a simpática SE da AP, Susana Toscano, na sua entrevista ao Público e RR para explicar os detalhes da R resistiu a "entrar em muitos detalhes".

sábado, junho 28, 2003

Por onde começar

Ainda antes de começar só dois comentários sobre dois comentadores. 1. Vicente Jorge Silva (VJS), um jornalista virado político que admiro, deixou-se caír na esparrela e na sua coluna do Diário Económico mostra como está fora das questões essenciais ao afirmar: "A reforma da AP ... não é uma questão ideológica" e "Durão Barroso antecipou um quadro ambicioso, mas sereno e equilibrado". Sobre a ideologia nem é preciso falar, mas o quadro ambicioso (!!) - ambicioso seria, em vez de anunciar medidas genéricas já anteriormente ensaiadas, dizer que AP precisamos, em âmbito e dimensão. 2. José António Saraiva (JAS), um jornalista desejoso de ser político que não admiro, cai da ponte abaixo no editorial do Expresso ao abrir a prosa com a boutade da comissão. É que o PM criou, não uma, mas duas comissões com as caridosas designações de "estrutura de acompanhamento" e "Conselho Consultivo"! Para reformar a AP deve começar-se por cima, isto é, pelo Governo. A minha primeira proposta é a redução do número de cargos ministeriais em 1/3 - passar de 18 para 12! Isto é realista e exequível. Comecemos por onde não se deve mexer: PM, M Finanças, M Defesa, M Negócios Estrangeiros, M Administração Interna, M Justiça, M Educação, M Saúde, M Obras Públicas, M Ambiente (10 cargos). A fundir: Ciência com Cultura e Economia com Agricultura (embora a extinguir a médio prazo porque o Estado só faz asneira quando interfere com actividades produtivas) (2 cargos). A extinguir: M Presidência (basta um Secretário-Geral), M Assuntos Parlamentares (basta um Secretário de Estado), M Adjunto do PM (não faz falta). Para chegar ao total de 12 ainda falta dividir o M Segurança Social e Trabalho entre as Finanças e a Saúde, mas confesso ter algumas dúvidas e, a bem do compromisso, declaro poder aceitar um total de 13 cargos ministeriais. Mas para começar a R da AP isto já não era nada mau. Mais proposta a seguir.

sexta-feira, junho 27, 2003

Porquê?

O que me levou a começar este blog (ainda em construção) foi, antes de tudo, esta afirmação do Primeiro-Ministro (PM): "Já lá vão quase 30 anos sobre o 25 de Abril de 74. Em três décadas quase tudo mudou. (...) Só a nossa Administração Pública continua, em pleno século XXI, com a mesma estrutura, o mesmo modelo e as regras que vêm do século XIX." Ora, apesar de soar bem, isto é falso. A AP cresceu e evoluiu. Hoje, o que se poderia dizer com mais propriedade é que coexistem na AP os séculos XIX, XX e XXI. De facto, hoje já se pode encontrar na AP tudo o que o PM diz procurar e muito mais: - gestão por objectivos (pelo menos na letra da lei, que é o que o PM se compromete a fazer); - serviços públicos empresarializados, parcerias público-privado; - contrato individual de trabalho; - dirigentes escolhidos sem concurso (ainda há e o PM quer voltar ao passado); - avaliação dos funcionários (funciona mal, mas isso não se resolve com leis); - formação profissional (temos o INA, temos as Universidades, temos dinheiro); - os prazos de resposta consignados na lei não são longos, são mesmo inferiores a outros países da UE (não são é cumpridos). Ou seja, a receita já foi tentada! Se calhar deve deixar-se as generalidades do custume e tentar algo de verdadeiramente novo. Falaremos disso.

quinta-feira, junho 26, 2003

Este blog nasce graças à "revolução" anunciada para a Administração Pública (AP)

Desde o princípio do ano que venho alimentando a ideia de criar um blog, mas foi o anúncio, na passada 3ª feira, da "Revolução" que me fez avançar - quando todos atacam a Burocracia, alguém deve surgir em sua defesa. Aqui estou! Contem com um combate sem tréguas. Como disse Weber: "No campo da administração, a escolha é apenas entre a burocracia e o diletantismo".